quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O tempo é pouco, ou nem pouco nem muito. Logo estas velas estarão derretidas por completo. Posso ouvir os lobos uivando enquanto estou nesta mata, isolado do sono nesta barraca. Lá fora, milhares de formigas famintas circundam o calor da lona segura. O breu da noite revelou a tensão desta situação: as formigas tomaram o acampamento. Cada mordida individual provoca não dor, mas uma presença de vida poderosa. Ao meu redor vivem comunidades antigas de animais e forças famintas. Assim como eu, faminto. Estou morrendo de fome, ou vivendo de fome, tanto faz. Meu estômago e minha mente querem ser saciados com temperos, turcos ou sertanejos. Lentilhas e amor próprio. Me entregar de vez à vida. Um galho seco acabou de se soltar, quase rasgando o meu teto. Deveria eu estar mais atento à brincadeira dos sonhos?

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