sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Às vezes, nem mil palavras exprimidas num amplo verso poderiam lhe dizer como amo o teu silêncio. No silêncio, quem fala mais alto é o corpo, e o teu corpo é digno da arte mais profunda que eu poderia lhe homenagear. Teu corpo foi esculpido dentro do meu, e pode se sentir seguro. No silêncio, quem grita são os olhos. E os teus são como um prato cheio de comida, que eu quero devorar até que minha visão torne-se um minúsculo pontinho perdido em seu horizonte profundo, infinito. O que são as palavras? A tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça, o que são as palavras? O tempo continua a inundar todos os cantos de um castelo escuro que é o meu universo, mas quando eu pude tocar em tua boca, finalmente o tempo deixou de correr desesperado e começou a dançar lentamente pela estrada. E as palavras? São tesouros, meu amor. E estão bem guardadas. Se provocadas desejam vir, quando querem. E beijam minha nuca, e sossegam em tua orelha. Retornam ao silêncio do corpo fazendo-o girar como um trapezista delirante no ar. Palavras. Podem ser como a harpa de uma orquestra, que baila solta no vento como um tecido de seda. Podem ser como os violinos que tomam nas mãos as rédeas de qualquer situação. Podem se igualar aos oboés, trompas e flautas, que derramam pelo corpo melodias como açúcar derretido. Imagine as palavras como a pesada tuba, que leva a orquestra a flutuar na delicadeza grave e imponente de suas notas marcadas. Nessa orquestra de silêncios e palavras, posso ser o teu maestro e teu primeiro expectador. Palavras são silêncios, e silêncios são palavras. Você é linda.

Um comentário:

  1. Que lindo, João :) Lembrou aquela música do Lulu Santos: "Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som!".

    Escrevi pra você de novo: http://www.diasdeverao.blogger.com.br

    Começa assim: "O amor é essa coisa livre / Como o sonho que você adentrou..."

    Um beijãaaooo.

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